domingo, 26 de febrero de 2023

lágrima oscura sobre a pele branca

 

Não tenho nada ao que me segurar. Nem minha pele, branca,

Se alguém perguntar alguma vez

Diz-lhe que tenho minhas origens e... o simbólico.

 

Como eu faço para falar sobre isso que me constringe? Então...

Será que existe uma alma mestiça? Sei não, com certeza

não posso adotar essa visão não.

Mas então, por onde começar?

É justo falar de um começo além do meu próprio nascimento?

Ir por trás das raízes que permeiam minha identidade.

Qual é meu lugar de fala então? Sei lá.

Só sei que não quero ocupar o que não é meu, mas...

Tem alguma coisa que me pertence?

É isso verdadeiramente importante?

Só quero desfazer-me do ego mesmo, vai, 

vai embora.

 

Tem dias que sinto um sangue escorregando pela minha faze sabe.

Dentro de mim tem um grito que pede desculpas

como se alguém

Tivesse-as pedido.

O que tudo mundo sabe, mas eu não sei, e que ninguém as

Pediu. Somente as reclamou,

Por uma questão, tal vez, de justiça.

 

Não sei de onde provem o grito,

Exatamente. Gostaria de saber o exato das coisas.

tal vez venha dum lado, como se esteve recortada por um fio preto.

Sendo assim, como um desenho desfigurado numa cartografia anónima.

Pois o meu nome não deve ser nomeado ainda

Por tantas outras vozes que me configuraram lá trás

Na minha história apócrifa.

 

....

Tem sim, um lugar para mim.

Mas não devo ter pressa ainda.

Tudo isso vai acontecer além do meu entendimento,

Sendo,

tal vez,

questão de se deixar ser,

De se deixar ir e ver o que acontece.


setembro.2022

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